As características físicas do Ateliê de Temporada influenciam meus gestos. Escadas me guiam ao desconhecido
A escada é um espaço de movimento, de transição entre ambientes da casa. Meu corpo somatiza pelo menos 500 degraus por dia enquanto cantarolo Stairway to heaven, de Led Zeppelin. A natureza canta junto, relevando muitos outros caminhos. Mas sei que os sinais podem ser traiçoeiros, me fazendo trilhar entre prazeres e perigos.
Sugiro que você escute a música e pondero tudo isso com uma curiosidade. A música foi composta nos anos 1970, durante um período de férias em que a banda estava reunida em um chalé no País de Gales. Coincidentemente, hoje, também estou curtindo férias em uma casinha. Da mesma forma em que a música não finalizada alí, eu também preciso de mais dias para entender a intensidade de tudo o que tenho vivido. Que tipo de arte pode nascer daqui?




SIMBOLOGIA DA ESCADA
A escada tem uma simbologia associada à ligação entre o céu e a terra, à ascensão e à evolução espiritual. Os seus degraus são as várias etapas que precedem o divino. A escada é um meio ou instrumento de evolução pessoal. Artística também?

ATELIÊ DE TEMPORADA
A partir deste viés místico e simbólico, preciso compartilhar um olhar importante desses dias de residência artística.
Quando entendi que minhas férias se tornaram um Ateliê de Temporada. Tracei algumas metas de trabalho que me conduziriam por esses dias. Afinal, muito fácil se perder no tempo entre uma cachoeira e outra.
E um dos meus propósitos é justamente entender como meu Lado B pode aparecer na minha arte. Como minha melancolia e meus medos podem dialogar com as flores. Essa residência artística é literalmente minha escada, conectando esses dois mundos.
Como estou fazendo para subir cada degrau e conectar consciente e inconsciente vai ser assunto para outro post. Quer um spoiler? Florais.

Por enquanto, enquanto me aprofundo em pesquisas e experimentações, agradeço à arquitetura que me abraça. É a coincidência estética da construção que ajuda meu corpo a entender este momento de elevação, em que minha arte tem a possibilidade de ficar mais completa e coerente.
A natureza está na canção e está ao meu redor, me lembrando que os dias chuvosos e sombrios não vão deixar de se tornar primavera. Mas tudo bem, não quero ser a May Queen. Estou feliz em florescer em meu próprio ateliê. Com sorte, convido mais uma ou outra pessoa a vibrar a beleza das flores junto comigo.
And a new day will dawn
For those who stand long
And the forests will echo with laughter

É assim, abraçada pela mata da Chapada dos Veadeiros, que sigo em estado de residência, degrau por degrau.
Agradeço ao meu amado companheiro de vida e viagem, P., por esse ensaio fotográfico. Nosso amor é arte.
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