A um só tempo, realizei minha primeira performance e apareci em publicação do Museu
Já disse algumas vezes – com licença, Manoel de Barros – meu Jardim é maior que o mundo. Ainda assim, há algo de insaciável nestes sonhos que me habitam. Teimo em querer atravessar o rio e experimentar o jardim vizinho.
Em meados do mês de maio deste ano, comecei a perceber uma movimentação que me aguçou. Na paisagem cinza do centro de Brasília, bem em frente ao Museu Nacional da República, os espelhos d’água que sempre refletiram a sequidão estavam diferentes.
Cheguei a duvidar de meus olhos. Plantas? Que demais!
Falo da intervenção Aguapé, uma obra viva, de autoria compartilhada entre Gisel Carriconde Azevedo e Isabela Couto. As artistas transportaram mais de 8 mil mudas de aguapés do Lago Paranoá e criaram um jardim flutuante bem alí, em frente ao museu.

Abre colchetes
Meu encanto pela paisagem de Gisel havia começado recentemente, a partir de suas Pinturinhas Sólidas – obra que só conheci a partir de indicação da curadora Marília Panitz, durante o processo de acompanhamento crítico da segunda Residência Artística do Vilarejo 21, dias antes. E, espiando o jardim on-line dela, descobri tantas outras curiosidades que acontecem em seu jardim.
Fecha colchetes
Ao longos dos meses seguintes, aquela ilha verde de mil fantasias fez parte da minha paisagem urbana. Não demorei a ficar cheia de água na boca e caraminholas na imaginação, arquitetando uma forma de entrar no jardim de Gisel.
Pensando que arte é estética – não, ética – acho que isso não seria um problema. Mas o universo foi mais rápido que minha ansiedade.
Eis que tive a oportunidade de invadir o tal jardim à luz do dia. E nem precisei me esconder para isso. Tudo aconteceu em praça pública, sob o olhar de várias testemunhas e com a validação da própria artista.


Hahahah…. Que sorte!
Recebi o convite de Suyan de Mattos, do coletivo Usina de Inventos, para participar da performance Polvorosa. O acontecimento faria parte da Mostra de Performances Aguapé.
Suyan não sabia, mas invadir o jardim da Gisel é o que mais me interessava.



Em um cortejo de muletas, liderado por Suyan, eu vestia branco, como em rituais importantes. Segui em fila, com os artistas Júlio César Lopes, Joyce Barbosa e Brenda Lee. Caminhávamos em praça, rumo ao espelho d’água mais próximo ao museu.





Ao comando da Polvosora, me banhei de prazer. E quase descumpri o combinado com meus pares. Queria ter ficado ali mais tempo.




Mas aqueles segundos de imersão na paisagem de outro alguém foram transformadores. Pura poesia eternizada em meus poros.
E, assim, também fui batizada no universo das performances artísticas.

E, assim, meu nome apareceu pela primeira vez em uma publicação do Museu Nacional da República.
E, assim, retorno para meu Jardim, com muita coisa que ainda precisa ser processada e que, com certeza, vai ter desdobramentos em minhas pesquisas e produções.
E mais
Registro aqui que tinham outros artistas que admiro muito performando na mesma mostra. Rosa Schram, Hilan Bensusan, Lis Marina de Oliveira e Phil Jones tornaram o momento ainda mais especial.
As fotos da performance são da Maisa Coutinho.
E a foto estilo capa de disco foi feita pelo Paulo Kanoa.
Fique de olho! Em breve, postarei o vídeo completo no meu Instagram @triz.dooutroladodojardim
3 Responses
Parabéns Triz. E célebre registro. Agradeço o compartilhamento.
Meus Parabens Triz eu amei todos os detalhes, Vc arrazou eu gostei muito. Grato sempre.
Sucesso❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️🩷💝