OS SEVERINOS – MUMIFICADOS VIVOS PELO SOL

Da série RIO SECO 

Barro e plástico sobre tela

60cm x 60cm x 5cm

Tenho me debruçado sobre o barro para a produção da série Rio Seco. Perspectiva que se expande com o entendimento de questões ambientais contemporâneas e meu desejo de dar voz à natureza. Lirismo, jornalismo, arte, verdade e qualquer ambivalência que deixe as coisas mais interessantes. 

Saí para caminhar pelo jardim e, sob aquele calorão, perdi a lucidez. O céu azul era apenas a moldura para mais uma triste partida. Sentia a umidade beira rio fugindo entre meus dedos. Não existia mais nada alí, ninguém queria ficar, só restava espaço para a melancolia. 

A seca da obra Os Severinos , a exemplo de Celeida Tostes,  Luiz Gonzaga, Ariano Suassuna, Euclides Cunha, Guimarães Rosa… e dados levantados pelo projeto Mapbiomas sobre uso do terra, superfície de água e marcas deixadas pelo fogo. 

Os severinos também são os ribeirinhos gritando a notícia de que na maior seca da Amazônia um trecho do rio Solimões sumiu. O que afetou a saúde da população indígenas ribeirinha e matou diversos peixes e espécies de animais na região.

Pele sobre pele. O barro em minhas mãos denuncia que o que resta é sentir os efeitos do tempo, corpo passageiro. Vida severina que me ronda e sequidão que não separa dentro e fora.

O barro de que são feitos Os Severinos é uma mistura de massa cerâmica da Pascoal cor Terracota com cola branca e água, muita água. O efeito craquelado surge como um rio seca. O processo leva dias.

Os jacarés cobertos pelo barro desconstroem um brinquedo e para reconstruir a realidade.

Tudo aplicado sobre uma tela comum em chassi, utilizando técnicas de pintura, mas adaptadas ao barro.

Díptico exposto na minha individual RIO, na Galeria Rubem Valentim, no Espaço Cultural Renato Russo, Brasília-DF

Visita virtual da exposição clicando aqui:

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