Sol, alecrim, cianotipia e buquê de quatro flores para afastar os maus sonhos 

Não sei se chamo de pesadelo, lucidez ou alucinação. Senti em minha própria pele arrepiada as cores dos meus medos se movimentando ao redor da cama. Estava aquarelando minhas profundezas e não apenas pintando aquarelas. Até que as coisas começaram a ficar intensas demais. Estiquei meus limites ao máximo, mas não estava preparada para ir além. Aliás, fui até onde pude e emergi para respirar.

Com as luzes bem acesas, passei o resto da noite contemplativa e decidi parar de tomar o floral de Ageratum. Os primeiros raios solares me acalmaram e peguei no sono profundo. Acordei com calor e com a certeza de que era hora começar a guiar minha caminhada por uma energia mais solar. Como suporte, montei meu próprio buquê e passei a fazer o uso intensivo de Marguerites, Helianthus, Bipinatus e Millefolium – todos do sistema de Florais de Minas.

CIANOTIPIA

Neste momento de transição, vagando entre a Lua e o Sol, não poderia escolher melhor técnica do que a cianotipia. A mistura dos químicos e preparação dos papéis devem ser feitas à noite, na penumbra. E os papéis ficam presos em um quartinho escuro por mais de 24 horas. Só depois, a luz solar começa a agir e fazer a mágica acontecer.

Mais uma vez a água tem papel fundamental em todo o processo, assim como na aquarela. Tudo o que não reagiu ao sol é levado embora pela água corrente em longo banho corrente e frio. Lá onde céu toca a terra, onde o chão é de estrelas, ficam o azul e suas marcas de luz na nova série e trabalhos artístiscos.

É muito louco imaginar como tudo vai se encaixando nos processos artísticos e criando camadas de informações preciosas que sustentam a arte. Não levei tantos apetrechos, tive que improvisar um pouco. Mas os cianotópicos estavam garantidos e o papel de aquarela sempre funciona muito bem.

ALECRIM

Você já ouviu falar que o alecrim afasta os maus sonhos? E é verdade! Ele conseguiu afastar meus maus sonhos.

Enquanto aquarelava, o alecrim já estava lá, emergindo junto comigo. Não dava pra ver direito e nem sentir toda sua alegria, mas ele estava lá, perdido e lutando entre as sombras.

Ele é um dos elementos que me acompanhou em todo o processo. Incluindo chás da alegria, comidas bem temperadas, banho de Ano Novo e arte. Ah, e até no vinho barato. Mesmo que, inicialmente, essa presença tenha sido mais intuitiva, inconsciente. Porque naquele momento estava mais interessada em sua forma estelar do que em usos.

Sim, o alecrim também foi comigo para a cianotipia. Neste momento eu já estava apaixonada por sua estética e tinha entendido seu poder. Ele não poderia ficar de fora dessa transformação da vibração lunar em solar.

LADO B

Minha música interna mais sombria não se calou. Ainda há muito para ser dissolvido. O que deixa um spoiler de que essa série vai ter novas temporadas.

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