RIO SECO é uma grande metáfora da vida e pode, a um só tempo, ser muitas coisas diferentes – apesar de dados reais, também, fomentarem a pesquisa
A série RIO SECO surge a partir do meu caminhar pelas beiras do jardim, do encontro com a umidade da beira do rio, com a materialidade do barro que escapa às minhas mãos. Experimento o barro com vários outros elementos, como o plástico, o tecido, a massa acrílica e a madeira. Mas não só. Sou artista, minha produção é lírica. Busco a plasticidade do barro dentro de proposições contemporâneas.
Segue o fio…
Tenho um hábito, uma rotina de trabalho que chamo de filosofia de ateliê. Sento ali, fico olhando para as coisas que tenho feito, pensando, imaginando novos arranjos, ainda que não tenha um propósito muito bem definido. No caso da série RIO SECO, não apenas olho, mas, realmente coloco a mão no barro. Esse encontro com a matéria é muito importante no meu processo. Fico alí sentindo pele sobre pele, sentindo caminhos. E isso leva tempo. O barro ensina sobre o tempo das coisas e não adianta ter pressa. Se você não respeitar o tempo do barro, ele vai cobrar um preço caro depois.
Escopo
A primeira obra realmente concluída já dentro dessa abordagem foi TENDÊNCIA DOENTIA, 2023. Executada dentro do que já vinha pesquisando há meses, mas provocada por um convite da artista Suyan de Mattos para participar da exposição ObraBarro, no MuBan-GO, que ela estava curando e organizando. A premissa era criar algo a partir do trabalho de Celeida Tostes.
Batata! O convite foi duplamente irresistível. Sou fã da Suyan e Celeida sempre esteve entre minhas inspirações. Era chegada a hora de levar meus estudos recentes, minha atual filosofia de ateliê, para o campo expositivo. Cada vez mais encantada pela plasticidade do barro, sigo na mesma pesquisa, onde ainda vislumbro novos desdobramentos.

Referências
Celeida Tostes é uma referência clara e já citada. Mas costumo dizer que minhas referências não vem apenas das artes visuais. Longe de reinventar a roda, as referências existem. Mas a intimidade vem pela literatura, pela música e pela dura realidade.

A série RIO SECO tem Ariano Suassuna, Guimarães Rosa, Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Patativa do Assaré, Mônica Salmaso, lenda urbana, hardnews, pesquisa histórica…
Pelo meio do caminho me inscrevi para participar da residência artística do Vilarejo 21, com acompanhamento crítico de Marília Panitz. Lá fui desafiada a trabalhar formatos mínimos. Então, surgiram muitas coisas miúdas no barro. Participei de exposição neste tema. Um movimento que tenho gostado muito de fazer e que deve continuar na minha linguagem por mais um tempo.

A partir da provocação do edital do Salão de Arte Contemporânea Mestre D’Armas, aprofundei minha pesquisa histórica sobre Planaltina, que marca minha pré-história. Então o ouro surge como um novo elemento, ampliando minhas possibilidades.

E já tem outras coisas despontando na esquina e que quero incorporar aqui.
Saiba mais
Há outros textos aqui no Diário de Triz que falam da série RIO SECO. Veja os links a seguir:
À procura do ouro Urbano
Portfólio da série RIO SECO
O Portfólio permanece em construção por tempo indeterminado. Você pode acessar uma das versões mais recentes clicando aqui.
Músicas do ateliê
Há uma playlist em construção, com algumas das músicas que mais tenho ouvido em meu ateliê e trazem importantes referências para meu trabalho. Ouça aqui.
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