Obras inventadas com uma lenda que vale ouro para o Salão Mestre D’Armas – da série RIO SECO

A partir da inquietude proposta pelo Salão Mestre D’Armas – 3º Prêmio de Arte Contemporânea, iniciei um passeio pelo jardim em busca de conexões da minha pesquisa com o patrimônio cultural de Planaltina. Num piscar de olhos entendi que estava olhando para minha própria história e, num dedinho de prosa, resgatei uma tradição oral que você – se cerratense como eu – também já deve ter ouvido alguém contar entre um cafezinho e outro.

Estou falando da lenda do ouro do Urbano. Trata-se de uma fabulosa mina de ouro, descoberta pelo português Urbano do Couto Menezes antes de 1750 e que permanece intacta até hoje, nas redondezas de Planaltina. Antes que você desacredite minha história, digo que Urbano existiu de verdade, foi um grande explorador. E você pode descobrir detalhes de seus caminhos a partir do estudo de Paulo Bertran.

Enfim…

Sentada à beira do ribeirão Mestre D’Armas, à procura do ouro do Urbano, mergulho na história daquelas ruas estreitas e casarões centenários. Antes de ser Planaltina, o local foi chamado de Vila Mestre D’Armas, devido a um armeiro que morou na região, que era ponto de escoamento do ouro retirado de Goiás.

O rio está secando – em Planaltina, também. É assim que minha poética se encontra com a abordagem proposta pelo edital.

E digo mais, encontrei o outro do Urbano. Shhhh… mas não conte para ninguém! Dentro da série Rio Seco, onde, há meses, me debruço sobre o barro e seus desdobramentos contemporâneos, estou usando o ouro do Urbano para produzir obras novas.

Trata-se de um trabalho lírico e de denúncia a um só tempo. Conhecer a história de Planaltina é reconhecer como falácia a história de que o avião de concreto pousou em terras vazias e nunca habitadas do Cerrado. A obra TRISTE PARTIDA fala, também, disso. É seguir um fio cultural que reconstrói a memória.

Acho até que qualquer uma das obras RIO SECO caberia no edital porque esta série é uma grande metáfora da vida. Mas escolhi algumas das que fiz exclusivamente a partir da chamada aberta para o Salão, com o ouro do Urbano.

Há outras obras em processo de produção com o ouro do Urbano. Elas serão incluídas no catálogo RIO SECO.

Saiba mais sobre a série RIO SECO aqui.

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